sábado, 11 de julho de 2015

A morte no olhar de Sukie Miller

Foi por intermédio de um livro da escritora Suzanne Lipsett ("A Aventura de Escrever", editora Ágora) que busquei o trabalho da psicóloga Sukie Miller sobre um tema que me interessa muito - a morte. O livro chama-se "Depois da Vida - Desvendando a Jornada Pós-morte", que me foi enviado por cortesia pela editora Summus Editorial há alguns meses. Trata-se basicamente de um trabalho de pesquisa amplo, minucioso e profundo, mesclado com experiências da própria autora em cerimônias religiosas e seu olhar pessoal sobre um dos grandes tabus da humanidade (na minha opinião, ainda o maior). Gratificante conhecer sua ligação com o Brasil por meio do estudioso Edmundo Barbosa, que teve participação direta nas fases que antecederam a conclusão da obra e assina o prefácio à edição brasileira.
Sua escrita fluente facilita a leitura das 224 páginas, mas é a profundidade de Miller que nos faz compartilhar a essência da sua busca sobre o pós-morte. Os relatos sobre pacientes terminais nos aproximam de uma situação que, embora certa e natural, invariavelmente causa muita dor e solidão que poderiam ser evitadas se tratássemos a morte com mais tranquilidade e aceitação.
Tópicos curtos se intercalam em duas partes, com apêndices, de forma a abordar a possibilidade da existência de algo além da vida e de embrenhar-se por caminhos em quatro estágios dessa jornada pela visão de diferentes culturas, entre as quais a indígena e a africana. Recomendo não apenas para quem quer se aprofundar sobre tanatologia como para todas as pessoas, em especial para aquelas que desejam oferecer conforto a pessoas à beira da morte, o que me faz lembrar de outro livro, chamado "A Solidão dos Moribundos", de Norbet Elias, que trata do estigma social que afeta as pessoas nessa condição e como o mundo ocidental afasta a morte para manter a ilusão de vida eterna.
Embora tenha percebido forte influência espiritualista na obra de Sukie Miller, o livro não me decepcionou e acrescentou novas reflexões às minhas perguntas existenciais. Mais do que jogar luz à finitude humana, Sukie Miller nos revela que a morte pode ser mais leve se tratada com simplicidade, poesia e coragem como parte da vida.