quarta-feira, 10 de agosto de 2016

"Acabadora"

Um livro simples, mas de uma poesia e uma leveza mais que apropriadas para abordar a finitude e o sofrimento sob um ângulo novo. Assim é "Acabadora", de Michela Murgia, lançado no Brasil pelo selo Alfaguara.
Um vilarejo, uma figura misteriosa, uma tradição.
Na figura de Maria, quarta filha de uma pobre viúva, adotada pela enigmática Bonaria Urrai, entramos na relação simbiótica das duas mulheres. O fio que as une é a costura, porém há algo maior, uma missão, que Maria intui ao desvendar segredos da mãe adotiva enquanto se vê às voltas com seus próprios questionamentos.
Ao longo da narrativa, que ocupa 152 páginas, acompanhamos a evolução da menina a mulher, ao mesmo tempo em que Bonaria vai sendo consumida pelo tempo. A mudança de Maria do vilarejo, seu primeiro amor, o retorno, toda sua trajetória funde-se ao passado da idosa.
Longe de ser uma leitura intensa e vibrante, "Acabadora" é um romance delicado, tranquilo, mas com um ritmo envolvente. Fala de feminino, amor, das subjetividades da vida e da morte, de escolhas e destinos. Acho que "filhos d´alma" foi a expressão que mais gostei, logo na primeira linha.
Um belo trabalho, o primeiro de autora italiana no Brasil.

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