segunda-feira, 15 de agosto de 2016

"Caixa de Pássaros": melhor fechada

"Caixa de Pássaros", romance de estreia de Josh Malerman, foi vendido como um thriller amedrontador, daqueles de deixar os fãs de terror insones por muitas noites. Por isso comprei. Mas, em que pese a excelente diagramação e o texto fluído, com capítulos curtos, tão fáceis de ler, o livro não me conquistou.
Meu interesse também partiu de a heroína ser mulher e mãe (quantas são, por favor, mulheres bravas que decidem fugir com as crias a tiracolo num cenário cheio de perigos em romances de terror?). Claro que, como mãe, me identifiquei com a proposta, que no final das contas me decepcionou bastante.
Para começar, a história nada tem de nova: num mundo pós-apocalíptico, alguns poucos tentam sobreviver a tragédias provocadas por enigmáticas criaturas vendando os olhos, já que quem as vê enlouquece e comete suicídio.
Neste ambiente vazio e hostil temos a presença da protagonista Malorie que, grávida, é acolhida por um grupo cuja harmonia se desestabiliza com a presença de um novo integrante. Anos depois, a moça e os filhos, um casal de crianças treinadas para viver no escuro, buscam fugir do mal numa canoa para algum tipo de paraíso.
Depois de um ritmo lento, em tempos alternados, quase corremos loucamente nas últimas páginas num esforço sobre-humano do autor em tornar a narrativa mais interessante para novamente desacelerar no final tão previsível.
Além de cenas inverossímeis (mesmo em fantasia, a falta de lógica desrespeita a inteligência do leitor), o enredo parece truncado, batido, sem graça. Nem nos momentos mais altos da leitura consegui sentir frio na barriga; o que tive foram bons bocejos.
Não acho que seja um livro desprezível, mas digo que esteja na triste média daquelas obras escritas para vender. Sem paixão, sem surpresas. Uma pena. Aos amantes do medo, um conselho: nem abram essa caixa.
Como disse, boa mesma só a diagramação (da "Ô de Casa").
"Caixa de Pássaros" foi lançado no Brasil em 2015 pela editora Intrínseca. 

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